Descrição
A primeira tradução portuguesa de George Dandin, de Molière, feita por Alexandre de Gusmão (um dos primeiros “estrangeirados”), e levada à cena pelo actor Nicolau Félix Féris, em Lisboa, em 1737, representa o momento crucial da mutação do gosto estético e dramático da Corte de D. João V, e, por extensão, do público português em geral, que pretendiam libertar-se paulatinamente do quase monopólio do Teatro espanhol, começando nesta data a preferir os textos e as companhias franceses e italianos. Trata-se de uma “adaptação” ou “nacionalização” da peça de Molière, em que o protagonista George Dandin é transformado num rico mercador flamengo, que vive no Porto e casa, para sua desgraça, com uma mulher nobre da Província do Minho. Esta transformação levanta assim problemas específicos de sociologia literária, que o original molieresco não contemplava.
O presente estudo, baseando-se na análise comparativa de dois códices da mesma tradução até agora desconhecidos, vem corrigir várias afirmações e conjecturas que a crítica literária, por falta de bases documentais, veio a repetir, com ligeiras variantes, a partir de 1841, data muito tardia da primeira edição desta comédia, que retoma como estrutura de superfície o velho tema do “marido cornudo”, mas o inscreve na estrutura de profundidade do conflito entre a burguesia em pujança económica e a nobreza senhorial arruinada.
Detalhes
- Autor/a:Ferreira de Brito
- Editora:Núcleo de Estudos Franceses da Universidade do Porto
- Ano:1989
- Descrição Física:Com 163 págs.; 21 cm
- Condição:Bem conservado