Miasmas / João Moita

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Descrição

X

Deus e Deus sabem que me agarro furiosamente,
que amo o fogo e o fogo atado à solidão.
Olho o mundo com os globos sob os cascos maduros.
Hoje sou uma revelação metódica:
traio a disciplina.
Canto com o bafo de todas as disposições.
Vi sobre as córneas a besta erguida:
as garras infectadas na pele de Deus,
o caldo rutilando.
Ambos sabiam:
era a Grande Obra.
E eu atava-me aos elementos.
Sublimava-me.
Era na terra uma ocultação.
Deus e Deus amavam-me furiosamente
e eu sabia que me agarrava ao fogo e ao fogo de passagem.
Os pés com que corro são cascos que florescem
sobre os olhos.
A beleza é uma hemorragia que bebo
amargamente.
Hoje canto com uma disposição muda.

João Moita nasceu em Alpiarça em 1984. Publicou O vento soprado como sangue (Cosmorama, 2009), Miasmas (Cosmorama, 2010) e Fome (Enfermaria 6, 2015, 1ª edi., e 2017, 2ª ed. revista e aumentada)). Traduziu, entre outros, Antonio Gamoneda, Saint-John Perse, Arthur Rimbaud e Pierre-Félix Louÿs.


Cosmorama, 2010. 1.ª edição. Com 40[5] págs.; 20 cm; Broch.
[Muito bem conservado]

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