Cronologia da Revolução de 1383-1385 / Valentino Viegas

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Descrição

INTRODUÇÃO

Foi numa sessão de trabalho que o Dr. Fernando António Baptista Pereira me sugeriu a ideia de escrever uma cronologia sobre a Revolução de 1383-1385. Dizia-nos o nosso colega que, como eu dispunha de um grande manancial documental, ser-me-ia muito fácil elaborar aquela cronologia.
Na realidade, aparentemente, parecia que sim. Porém, as dificuldades começaram a surgir logo no que diz respeito à determinação da data que marca o inicio da cronologia.
Ultrapassámos esta primeira contrariedade dando ao famoso contrato de casamento de Salvaterra de Magos o destaque que merece.
Lembremos que já Fernão Lopes sentia dificuldade em ordenar os dados da Crónica de D. João I como confessava a dada altura «El Rei de Castella vem pera emtrar em Portugall; NunAllvarez outro ssi veemsse a Lixboa; desi o castello da cidade trabalhasse o Meestre com ho poboo de o tomare; alçamsse villas comtra os alcaides dos castellos pello rregno; levamtãsse hunioões dhuus comtra os outros; ffazemsse outras muitas cousas em huua sazom, de guisa que huas torvam as outras, a sse nom poderem comtar nos dias que acom- tecerom».
Se o grande cronista que dispunha de mais documentação do que aquela que a voragem dos séculos nos poupou, tinha igualmente incertezas quanto à datação, nós que escrevemos cerca de cinco séculos meio depois dele ficamos naturalmente submergidos
num mar de dúvidas.
Advertimos, pois, desde já o leitor, que ficará frustrado se desejar encontrar nesta cronologia só datas rigorosas. Isto não significa que não existam datas rigorosas. O que lamentamos é que não sejam tantas quantas desejaríamos que fossem. 
Efectivamente, na falta de outros recursos imediatos para calcular certas datas utilizámos muitas vezes o método dedutivo. Por isso, as suas garantias são parciais.
Assim, quando dizemos que determinado acontecimento se deu antes ou depois de uma data apontada, nem sempre significa que decorreu entre aquela data e outra imediatamente anterior ou posterior. Significa apenas que ocorreu no período, anterior ou posterior, relativamente curto.
Prescindimos propositadamente de demonstrações porque o número de notas necessárias para a sua efectivação seria incomportável para este tipo de publicação.
Na realidade, podíamos alcançar datas mais rigorosas se compulsássemos cuidadosamente a cronologia das crónicas de Fernão Lopes com toda a documentação que dispomos. Só que esta operação roubar-nos-ia muitos meses de trabalho de que actualmente não podemos dispor.
Avançámos com os dados já elaborados porque pensamos que na comemoração do sexto centenário da Revolução de 1383-1385 é preferível apresentar esta cronologia incompleta em vez de nenhuma.

Com o intuito de tornar esta cronologia menos árida e quiçá útil aos estudantes acompanhamo-la de alguma informação.
Agradecemos desde já todas as sugestões e achegas que nos possam apresentar porque estamos conscientes da existência de inevitáveis deficiências que nem sempre se detectam.
Não podemos deixar de realçar a valiosa colaboração prestada pelo Prof. Doutor Humberto Baquero Moreno na revisão do original desta cronologia. De certeza, porém, que todos os erros e imperfeições que existam neste trabalho são de inteira responsabilidade
do autor.
Agradecemos também à minha amiga Dr. Maria Delfina Salgado o facto de ter lido cuidadosamente o manuscrito deste livro.

VALENTINO VIEGAS


Estampa, 1984. Com 169 págs.; 21 cm; Broch.
[Capas tenuemente amarelecidas; miolo bem conservado]

Detalhes