As mãos de Abraão Zacut : peça em 2 actos / Luís de Sttau Monteiro

Peça de 1968, escrita em 2 atos, sobre um grupo de judeus em um campo de concentração durante a 2 Guerra Mundial, mostrando o desespero generalizado das pessoas, independemente de suas prévias condições sociais.

“As mãos de Abraão Zacut andaram tão ocupadas a construir o mundo, que se esqueceram das que andavam a destruí-lo! Agora, só lhes resta pagar à vida o que lhe devem. Quem não foi de braços abertos defender os perseguidos não tem o direito de esperar ou de pedir que alguém o venha defender! (pg.98)”
“Estas mãos querem salvar um homem só para o salvar e mais nada! Só para se limparem de nunca terem salvo ninguém! Só para não morrerem de vergonha! E querem que esse homem saia daqui e não pense mais nelas! Que goze, que lute, que viva como um homem! Estas mãos querem mostrar que morrem mas que não foram destruídas. (pg.100)”
Falas de David para a namorada Susana
“(…) Por pensarmos como tu é que transformámos a terra num campo de concentração onde ninguém escapa à fogueira. Há quem conte com Deus, Susana, e há quem conte com os outros, mas para podermos andar de mãos dadas, temos de contar com as nossas próprias mãos e só com as nossas próprias mãos! As grades, Susana, foram a snossas mãos que as fizeram…. e só as nossas mãos poderão destruí-las. (pg.128)”