A Ideologia da Sociedade Industrial / Herbert Marcuse

Não obstante a moderna sociedade industrial parecer, em seu conjunto, a própria personificação da Razão, ela é irracional como um todo. Sua produtividade é destruidora do livre desenvolvimento das necessidades e faculdades humanas; sua paz mantida pela constante ameaça de guerra; seu crescimento, dependente da repressão das possibilidades reais de amenizar a luta pela existência individual, nacional e internacional.
Essa repressão, tão diferente da que caracterizou as etapas anteriores, menos desenvolvidas, de nossa sociedade, atua, hoje, não de uma posição de imaturidade natural e técnica, mas de uma posição de força, servida por uma tecnologia esmagadora dos aspectos criadores da natureza humana.
A investigação desses factos, e o exame de suas alternativas históricas, são parte do objetivo de uma teoria crítica da sociedade contemporânea empreendida por HERBERT MARCUSE, uma teoria que analisa a sociedade à luz de suas aptidões intelectuais e materiais.
Sem pretender resolver todos os problemas aqui suscitados, tenta o autor demonstrar, em termos de lúcida crítica, a possibilidade de utilização plena das aptidões e recursos da sociedade moderna para o máximo desenvolvimento e satisfação das necessidades e faculdades individuais, advertindo que sua teoria se opõe a toda metafísica, uma vez que teoria social é teoria histórica, e história é o domínio da possibilidade no campo da necessidade.
HERBERT MARCUSE é um filósofo de reputação internacional, nascido na Alemanha e radicado nos Estados Unidos desde a II Guerra Mundial. Formado pelas Universidades de Berlim e Friburgo, foi conferencista em Harvard e Columbia e professor de Política na Universidade da Califórnia, em San Diego. O presente livro é o seu trabalho mais recente, podendo, portanto, ser considerado como representativo de seu atual pensamento político. Seu livro de maior repercussão foi Eros e Civilização, aparecido cerca de dez anos antes deste, cuja tradução brasileira foi recentemente publicada por esta mesma editora.
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Rio de Janeiro : Zahar, 1967. Com 238 [2] págs. ; 21 cm; Broch.
[Capas com algumas marcas de manuseamento; miolo bem conservado]