Uma Campanha Alegre / Eça de Queiroz (2 Vols)

28.50 

Esgotado

Descrição

“As páginas d’este livro são aquellas com que outr’ora concorri para as Farpas, quando Ramalho Ortigão e eu, convencidos, como o Poeta, que a tolice tem cabeça de toiro, decidimos farpear até á morte a limaria pesada e temerosa (…). A mocidade tem d’estas esplendidas confianças; só por amar a Verdade imagina que a possue; e, magnificamente certa da sua infallibilidade, anceia por investir contra tudo o que diverge do seu ideal, e que elle portanto considera Erro, irremissivel Erro, fadado á exterminação. (…). Ahi vão pois as minhas Farpas, a que eu dou agora o nome unico que as define e as justifica — Uma Campanha Alegre. Não ha ahi com effeito senão uma transbordante alegria empenhada n’uma campanha intrepida. Todo este livro é um riso que peleja. (…) Ahi vão pois estas Farpas, na sua fórma primordial (…)”.

Obra publicada em 1890, em dois volumes, que reúne os folhetins escritos por Eça de Queirós em As Farpas, onde o autor traça um panorama crítico da sociedade, da vida política, da religião, da opinião pública, do jornalismo e da literatura do seu tempo – temas tratados com humor e ironia, que atravessam a sua obra de romancista voltada para o inquérito à vida social, sobretudo os romances da fase dita realista-naturalista.
Dos vários artigos, saliente-se, no Estudo social de Portugal em 1871, o panorama geral da época contemporânea deveras desanimador: O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Atente-se, igualmente, pela recorrência do tema na obra de ficção do autor, nos artigos “As meninas da geração nova em Lisboa e a educação contemporânea” e O problema do adultério, que se debruçam sobre o problema do adultério e das suas causas sociais e morais, quase sempre relacionadas com uma educação mal orientada. Os artigos abordam, contudo, variadíssimas questões, desde reflexões sobre a religião e sobre a educação religiosa, até considerações acerca do exercício do poder político.
No domínio da literatura, Eça critica sobretudo o lirismo convencional e hipócrita do Romantismo tardio, bem como o romance passional, que considera ter consequências negativas na educação feminina.

Ilustrada com um retrato de Eça de Queiroz no primeiro volume.