Descrição
Conquanto nos seus dois primeiros livros de contos Rogério de Freitas já se tivesse revelado um subtil criador de atmosferas — foi verdadeiramente com o romance «Tempo de Angústia», um dos êxitos literários dos últimos anos, que o seu nome interessou uma larga camada de leitores. Nesse romance, com efeito, reflectia-se a angústia, a fecunda desordem de uma época que procura, numa urgência ansiosa, equacionar os seus problemas, encará-los sem dissimulação, exprimir emoções, instintos, buscas, com uma corajosa e também desencantada lucidez. Em «Tempo de Angústia» revela-se já, pois, o escritor não só atento e receptivo ao clima da sua época, tendo a juventude como saliente protagonista, mas ainda o escritor capaz de estruturar solidamente um romance e nele fazer vibrar uma inquieta emotividade. Segue-se agora SANGUE NA MADRUGADA. Riqueza romanesca, imaginação, agudo conhecimento da psicologia feminina, acerto na escolha das situações dramáticas que, desembaraçadas do supérfluo, logo definem uma personagem ou um conflito —eis as traves-mestras do novo romance de Rogério de Freitas, que progride no inventário de um mundo desagregado já iniciado na obra anterior. Em SANGUE NA MADRUGADA, Rogério de Freitas ousa oferecer-nos um contraponto de gerações postas em face dos mesmos problemas e consegue-o com eficácia; nele reconhece-mos, poeticamente, os apelos e as agonias que precedem todas as madrugadas. Algumas das figuras femininas deste livro ficarão, sem dúvida, na galeria das criações mais logradas da nova literatura portuguesa.
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