Descrição
A escolha de Salomé, personagem do Evangelho segundo S. Marcos, para heroína remete-nos para o facto de esse episódio bíblico constituir um dos temas preferidos dos artistas franceses do “fin-de-siècle”.
A conotação exoticamente sensual que atribuem à dança de Salomé mantém-se no texto de Wilde. Neste, a dança dos sete véus constitui, aliás, o mais central e, simultaneamente, o mais hermético dos símbolos.
O confronto entre Iokanaan e Salomé viria, assim, a ser encarado na perspectiva de uma dramatização do mais profundo conflito do autor: de um lado, o moralismo ruskiniano, reflexo de uma época obcecada pela ética, e conduzido aqui aos extremos de um fanatismo rígido; no pólo oposto, o sensualismo livre e sem limites sugerido pelo esteticismo pateriano. O aniquilamento de ambos mostra que a conclusão subjacente a The Picture of Dorian Gray (nas palavras do próprio Wilde: “Todo o excesso, tal como toda a renúncia, comporta o seu próprio castigo”), é retomada em Salomé.
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