Descrição
No último meio século, teve o país onde este livro se escreveu uma monarquia cuja degradação se tornou insuportável nos quatro anos em que governou o sucessor do monarca morto. A degradação acompanhou-se de uma guerra interminável conduzida sem finalidade que as ideias ditassem e travada, portanto, com tão pouca convicção popular como militar. Acompanhavam-na também o domínio do estado por uma plutocracia tacanha atroz, e uma cultura que as instituições do ensino, os plutocratas, o monarca e o último tirano guiavam pelo ódio às ideias, ao pensamento e à filosofia. Formaram-se deste modo algumas gerações que, orgulhando-se da sua impotência de pensar e de lutar, se vieram alimentando de uma ignorância que exprimiram nas fórmulas fáceis de um socialismo feito para as massas informes dos países industrializados, para o clericalismo caridoso e ateu das igrejas sul-americanas e para o ingénuo primitivismo dos povos africanos. Quando à insuportável tirania sucedeu enfim a democracia, logo ela apareceu degradada na mais baixa demagogia, pasto da mais dolorosa e espectacular incapacidade de pensar.
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