Descrição
INTRODUÇÃO
A quem nos dirigimos ao escrever este livro sobre a sociologia? Quem deseja informar-se? O «grande público»? Os leitores do Express e do Nouvel Observateur? Os alunos do último ano do liceu? Estudantes que chegam à universidade e que fazem a opção «sociologia»? Este livro foi escrito principalmente porque, existindo uma colecção, o seu director Luc Decaunes, nos fez esse pedido. Escrevemos, assim, um livro de colecção. Isso significa que aceitamos, tal como é indicado no nosso contrato de autores, certas normas, um estilo, determinadas regras de jogo. Significa também que este livro, em virtude da publicidade existente à volta da colecção e da editora, será distribuído de uma certa maneira, dirigido a determinadas camadas da população através de certos livreiros Dado que, precisamente, somos «sociólogos», estas questões do livro-objecto e da sua produção, das relações entre autores e editor e da respectiva distribuição, são questões que, imediatamente, nos chamam a atenção. A sociologia já aí se encontra: precisamente nos problemas técnicos, económicos, jurídicos e sociais postos pelo aparecimento de um livro. Antes mesmo de difundir uma informação sobre a sociologia, encontramo–nos já nessa informação, constatamos que o medium (o suporte material) da mensagem determina o conteúdo dessa mensagem, que não se escreve o mesmo para este ou aquele editor e que o público não lê da mesma maneira um texto publicado por urna ou outra casa editora. Escrevemos este livro fazendo «o ponto da situação» ao mesmo tempo que propomos urna iniciação aos estudos sociológicos. Contudo, este livro não será um objecto solitário a tentar individualmente urna oportunidade junto do público. Aqueles que não estão a par destas coisas, os que não fazem livros, devem imaginar que o autor leva o manuscrito a uma tipografia e que o livro, não se sabe bem como, fica à venda nas livrarias de França e de Navarra, é invocado por vezes na televisão podendo-se ver até o próprio autor, ou então urna revista ou um jornal aconselhar a sua leitura. Esta ignorância é normal visto que desconhecemos a maior parte das técnicas que se encontram na origem da invenção e funcionamento dos milhares de objectos que nos rodeiam ou que utilizamos na nossa vida quotidiana. Também desconhecemos os circuitos económicos através dos quais esses objectos chegaram até junto de nós. Quem estabelece o preço desses objectos, em função de que misterioso equilíbrio mundial? Ignoramo-lo. Em que medida tudo isso pode depender do Estado, da Bolsa, do Centre National du Patronat Français, dos sindicatos, da ,política estrangeira? Ou mais genericamente, o que são todas essas instituições que orientam a nossa vida, da família à creche, da creche à escola (…)
Detalhes: