Obras-Primas da Pintura Russa do Século XVIII Ao Século XX / Fundação Calouste Gulbenkian

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Descrição

Obra editada aquando da exposição itinerante de obras da coleção do The State Russian Museum, em Sampetersburgo, que deu a conhecer a pintura russa do final do século XVIII ao início do século XX. A mostra contou com um conjunto de 56 obras, que, segundo um percurso cronológico, apresentou diversas temáticas como os retratos, as paisagens, temas mitológicos e cenas do quotidiano.
Apresentada na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), esta exposição de 56 obras da coleção do The State Russian Museum abrangia cerca de 130 anos de pintura russa, desde 1782 a 1918.
Antes de chegar a Portugal, a exposição foi apresentada na Galeria Estatal Tretyakov, em Moscovo, no The Museum of Russian Art, em Jersey City (EUA), e no Museo Nacional del Prado, em Madrid.
O seu percurso cronológico iniciava-se nos finais do século XVIII, com retratos, paisagens, temas mitológicos, cenas do quotidiano, nos quais era evidente a assimilação de correntes artísticas europeias (principalmente do Barroco, Neoclassicismo e Romantismo), resultante da formação de vários artistas russos, por ordem dos imperadores, em Itália, França, Inglaterra e Holanda.
As cenas de género ocupavam uma parte significativa da exposição. Às representações de cenas domésticas da burguesia juntavam-se outras, idealizadas, de grupos de classe baixa. Essas abordagens, da autoria de artistas como Aleksei Vinitsiánov (1780-1847) ou Grigori Soroka (1823-1864), contrastavam com o realismo crítico, também presente nas pinturas de Vassíli Peróv (1834-1882), Aleksei Kivchenko (1851-1895), Abram Arkhípov (1862-1930), que, fugindo ao academismo, denunciavam injustiças sociais. A representar essa arte nacionalista encontravam-se igualmente paisagens russas de Fiódor Vassiliev (1850-1873), Isaac Levitan (1860-1900), Aleksei Savrásov (1830-1897), entre outros.
Esta mostra culminava num conjunto de propostas muito distintas do início do século XX, que revelavam claras influências do simbolismo, impressionismo e cubismo. Contudo, ficou de fora deste núcleo final a parte mais significativa da vanguarda russa, cujo interesse tinha motivado os primeiros contactos entre a FCG e o Ministério da Cultura da então URSS. José Sommer Ribeiro, diretor do Serviço de Exposições e Museografia, numa nota dirigida a José de Azeredo Perdigão, presidente da FCG, relatava: «Após a visita que durante a minha estadia naquele país fiz a diversos Museus, de Moscovo a Leninegrado, propus ao Vice-Ministro da Cultura a realização de uma exposição que começaria em princípios do séc. XX com o “grupo mundo da arte” e que terminaria nas primeiras obras do realismo social e incluindo portanto os anos 20, o suprematismo russo e o construtivismo com Kandinsky [1866-1944], Tatlin [1885-1953], Goutcharova [1881-1962], Malevitch [1879-1935], Pevsner [1902-1983], etc… Tal proposta não foi aceite pelo Vice-Ministro da Cultura que, em contrapartida, nos propôs a realização de uma exposição de 58 obras russas dos séculos XVIII e XIX, que será exposta a partir do mês de Março no Museu do Prado.» (Apontamento do Serviço de Exposições e Museografia, 25 fev. 1987, Aquivos Gulbenkian, SEM 00364)
Mais tarde, já no decurso a exposição, Sommer Ribeiro afirmará: «Vi muitas telas desses pintores nas reservas dos museus soviéticos quando me desloquei à URSS e espero que com a “abertura” já tenham ido para cima.» («Pintura russa: obras-primas na Gulbenkian», Diário de Lisboa, 19 jun. 1987) Com esta declaração, o diretor do Centro de Arte Moderna dava a entender o motivo que levara o Ministério da Cultura soviético a recusar o projeto de exposição por si proposto.

Detalhes:

Idioma: Português

Autor:

Ano: 1987

Descrição Física: 140 p. : prof. ilust.; 30 cm

Condição: Bem conservado