Descrição
Poderíamos sintetizar esta obra como um debate obstinado entre duas personagens com conceitos absolutamente antagónicos acerca de um tal Silvestre, amigo íntimo de uma delas (Peyrani) e inconsolável apaixonado da outra (Aurora). O narrador desta história é Peyrani, com o qual o leitor se identifica, assimilando através dele a imagem de um Silvestre ingénuo e generoso, de uma delicadeza e timidez extremas; inteligente e sentimental, eternamente apaixonado. Aurora contesta violentamente este Silvestre ideal e, baseada na sua experiência pessoal, apresenta-nos, através do seu relato, um Silvestre arguto e matreiro, hipócrita e maldoso, e até mesmo chantagista. Aurora, que é um ser primário todo instinto e interesse, dá ao leitor a impressão de que o «seu» Silvestre é uma projecção da sua própria inferioridade moral, da sua incapacidade ingénita de imaginar qualquer sentimento que ultrapasse os estreitos limites do seu egoísmo animal. Peyrani, que é inteligente e sensível, opõe, a cada passo, às interpretações de Aurora um desmentido categórico, servindo-se da sua dialéctica de advogado para rechaçar uma a uma todas as acusações que aquela lhe faz no desenrolar do seu relato. – António Ramos Rosa
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