Descrição
INTRODUÇÃO
Os homens procuraram sempre entreabrir o véu que separa o presente da humanidade do seu amanhã. Estas tentativas estavam estreitamente ligadas às aspirações dos pensadores progressistas, de traçar pelo menos o esboço mais geral da ordem social ideal, susceptível de pôr termo ao sofrimento do povo trabalhador. O sonho duma tal ordem social, combinado com a crítica dos vícios do regime de exploração, engendrou as diversas variantes do socialismo utópico. E a realização deste futuro feliz não passou dum sonho, durante largos anos. O aparecimento da doutrina marxista da sociedade marcou a passagem do socialismo da utopia a uma ciência. O futuro comunista da humanidade deixou de ser o sonho duma sociedade modelo, apelando para a razão, tornou-se uma perspectiva cientificamente fundamentada, decorrendo duma análise profunda das leis da evolução social. Esta perspectiva está indissoluvelmente ligada ao desenvolvimento do movimento operário, à luta de classes, à libertação do proletariado que, libertando-se, liberta ao mesmo tempo toda a sociedade e organiza a edificação do socialismo. Mas tudo isto significa ao mesmo tempo o fim inevitável do capitalismo. As linhas fundamentais da aproximação marxista-leninista dos problemas da previsão científica são estudados no nosso livro tanto sob o aspecto histórico como no plano dos princípios.
O progresso social, enquanto passagem historicamente condicionada do capitalismo ao socialismo, tornou-se o conteúdo duma nova época da história mundial de que a Grande Revolução socialista de Outubro marcou o inicio. «O progresso – se não tomarmos em consideração os eventuais recuos temporários escrevia Lenine, só se pode efectuar no sentido da sociedade socialista, da revolução socialista.» É precisamente esta lei descoberta pelos fundadores do marxismo que determinou a posição negativa dos idealistas burgueses em relação ao real progresso social. Esta posição resultava dos interesses de classe fundamentais da burguesia, incompatíveis com a necessidade objectiva do progresso histórico.
O pensamento social burguês entrou em luta não só contra a teoria marxista-leninista e o movimento revolucionário da classe operária, mas ainda contra a prática da construção do socialismo, quer dizer, contra a realização da perspectiva comunista do futuro da humanidade.
A concepção idealista e antidialéctica da evolução social é característica das concepções burguesas contemporâneas. E é a esta maneira de ver que se deve o facto das doutrinas e as escolas burguesas não terem resistido à prova da história e dos seus raciocínios, as suas previsões não se terem justificado. A partir das posições do idealismo filosófico é impossível descobrir as leis objectivas da evolução e do funcionamento da sociedade. Todas as tendências modernas da filosofia burguesa confirmam esta afirmação com uma perfeita evidência (cf. com os capítulos especialmente consagrados ao positivismo, ao existencialismo, ao estruturalismo, etc.).
A incapacidade de penetrar na natureza dos factos sociais é inerente, por diversas razões, a todas estas correntes.
Será possível, por exemplo, partindo das posições da filosofia positivista, que nega a possibilidade de conhecer a essência, descobrir as leis da evolução social e a orientação do progresso social?
A posição do existencialismo, que retira o homem da sociedade e transfere a sua actividade para a esfera das suas próprias impressões interiores, também não dá qualquer possibilidade de tirar conclusões cientificamente fundamentadas sobre a direcção na qual evolui a sociedade humana.
E isto aplica-se igualmente à filosofia neotomista, impregnada de ideias do dogma católico, que considera como ponto culminante da evolução histórica a ordem sagrada da Igreja o opõe as ideias místicas religiosas aos princípios científicos do comunismo.
A concepção cristã do progresso social combina eclecticamente o fatalismo e o voluntarismo, reduzindo a zero o papel do factor subjectivo na história, baseado no conhecimento e utilização racionais das leis da natureza e da sociedade. Nestes últimos tempos, é verdade, vê-se disseminar pelo Ocidente concepções religiosas ultramodernas do progresso, pretendendo conciliar a aproximação científica com a aproximação religiosa de todos os problemas, e, em particular, do das perspectivas da evolução da humanidade. Todavia, como está provado de maneira convincente no capítulo consagrado ao theilhardismo, esta corrente de humanismo abstracto revela a incompreensão do carácter específico da sociedade enquanto fenómeno social e, por consequência, das leis da sua evolução. Os representantes do pensamento sociológico e sociopolítico dos países do Ocidente capitalista não são melhor sucedidos no conhecimento das perspectivas da humanidade.
A negação da aproximação dialéctico-materialista da história enquanto processo objectivo submetido às suas próprias leis, a ausência de uma análise histórica concreta da sociedade como formando um único e mesmo organismo, a negação das leis da evolução social, todos estes vícios inerentes ao pensamento social burguês privam-na da possibilidade de apreender cientificamente as perspectivas da evolução social. É esta a razão pela qual as concepções sociológicas fundamentais burguesas relativas ao futuro da humanidade pecam pelo seu carácter unilateral. Os teóricos burgueses não vêm as leis da sociedade em evolução como um sistema tendo em cada etapa histórica precisa a sua estrutura qualitativamente determinada. Ou resolvem eliminar completamente a questão da evolução social e consideram a sociedade como uma abstracção estática, imutável, ou então escolhem arbitrariamente para factor determinante quer um aspecto quer outro qualquer e dão-lhe uma importância absoluta. Esse aspecto pode ser a técnica, a superstrutura politica, a consciência moral, a actividade de organização dos homens, ou os seus instintos biológicos. (…)
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