Descrição
No caso de Oliveira Salazar, poder-se-á pensar que a utilização dos discursos foi uma prática secundarizada, sobretudo se compararmos a imagem que dele temos aquando das suas prelecções com as de Mussolini e Hitler. Estes dois destacados chefes fascistas utilizaram o discurso inflamado para fazer passar a sua mensagem, tornando-se verdadeiros ídolos, e levaram a multidão à histeria no decurso das suas comunicações entusiásticas. Salazar não foi um comunicador por excelência: a sua voz era monocórdica e por vezes de falsete. Soube, no entanto, desde a sua ascensão a Ministro das Finanças em 1928, fazer uso do discurso como um instrumento de reprodução e legitimação do regime. Os discursos foram a forma por ele privilegiada para transmitir as suas ideias, acompanhando-o ao longo de todo o seu percurso político(…).
Levar a cabo este trabalho tendo por base essencialmente uma fonte, ainda que possuidora de um alcance considerável, tanto pelas informações que contém como pela enorme extensão temporal que abrange, é uma tarefa sui generis, que supõe uma intensa actividade hermenêutica. É, pois, nossa intenção caracterizar o discurso de Salazar vertido nas suas intervenções tornadas públicas, comparando-o com o do regime, e discutir de que forma ele foi utilizado para legitimar o poder do chefe e do próprio sistema, de molde a garantir a sua longevidade. Procuraremos também ficar a conhecer as imagens que as palavras de Salazar difundiram, a propósito de diferentes temas, ou seja, o auto-retrato que é dado do regime e a forma como o mesmo evoluiu. Procurar-se-á ainda conhecer a distribuição espácio-temporal e temática das intervenções políticas de Oliveira Salazar.
Obra ilustrada com fotografias a preto e branco, pautas de hinos e marchas da mocidade.
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