Memórias de Adelina Abranches

Apresentadas por Aura Abranches.

12.00 

Esgotado

Descrição

Margarida Adelina Abranches foi uma atriz portuguesa, aclamada pela crítica e acarinhada pelo público, que iniciou a sua carreira teatral ainda na infância, estreando-se como figurante num espetáculo do Teatro Nacional D. Maria II, a 10 de janeiro de 1872: Os meninos grandes.
Trabalhou, depois, numa série de teatros da capital, por vezes em simultâneo, representando frequentemente papéis masculinos infantis devido a um certo jeito arrapazado. Atriz de escolaridade reduzida, devido à sua condição social familiar e à intensa atividade teatral precoce, frequentou, contudo, o Conservatório entre 1876 e 1878. Desde cedo, fez várias digressões por Portugal – continental e arquipélagos – e pelo Brasil. Firmou a sua carreira no Teatro do Príncipe Real, onde trabalhou durante vários anos, tendo posteriormente integrado a Companhia Rosas & Brazão (1877), o elenco do Teatro Livre (1904) e do Teatro da Natureza (1911), bem como a Empresa Rey Colaço-Robles Monteiro. Foi empresária teatral da Companhia Adelina Abranches e da Companhia Adelina – Aura Abranches, esta última em sociedade com a sua filha. Contraiu matrimónio com o empresário Luís Ruas, com quem teve dois filhos, ambos atores – Aura Abranches e Alfredo Ruas – mas divorciou-se em 1902.
Adelina Abranches nasceu e cresceu em Lisboa, entre oito irmãos, ao encargo de sua mãe, que, apesar de muito se esforçar, não conseguia suprir todas as necessidades financeiras da família. Foram estas dificuldades que levaram os seus irmãos mais velhos a ir trabalhar bem cedo e a sua mãe a aceitar a proposta de um vizinho – porteiro da caixa do D. Maria – que recrutava crianças para figurantes de um espetáculo no Teatro Nacional, pagando “seis vinténs por cabeça” (ABRANCHES 1947: 20). Adelina, com cinco anos, pisou pela primeira vez um palco no Teatro Nacional D. Maria II, em Os meninos grandes de Enrique Gaspar, representando um pequeno papel de espanhola. Foi assim que uma das mais marcantes atrizes do teatro português descobriu a sua vocação, dando início a uma atividade que exerceu, com reconhecida versatilidade e dedicação, durante cerca de sete décadas, junto dos maiores vultos do tablado nacional.