Introdução Ao Ecumenismo / Maurice Villain

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Descrição

Do Prefácio do P. Honorato Rosa:

 

Em hora oportuna se publica a tradução portuguesa da INTRODUÇÃO AO ECUMENISMO DO P.e Maurice Villain. Na consciência católica o sentimento ecuménico ultrapassa já «o círculo estreito de raros teólogos especialistas a que, uma vez no ano (a Semana da Unidade, na segunda quinzena de Janeiro), se associa a prece dos fiéis». Hoje, ao sopro renovador do Espírito Santo, sacerdotes e leigos católicos, homens e mulheres de todas as confissões cristãs, conscientes da sua comum vocação de baptizados, vivem a incoercível Comia de unidade expressa na Oração Sacerdotal de Jesus (Jo., XVII, 11, 20-23), sentindo-se responsáveis por essa causa divina. Chegou, pois, o momento de alargar a todos os católicos, ao menos a todos os católicos cultos, a explícita consciência de que o ecumenismo é dimensão necessária da Igreja.
«Ecumenismo», vocábulo de criação recente, designa todos os acontecimentos religiosos nascidos de intenção promotora da unidade dos cristãos. Forma-se de «ecumene», termo que significou na cultura antiga «o mundo habitado» e, depois, por natural derivação, «o mundo civilizado». Na Sagrada Escritura o termo colora-se, por vezes, de matiz religioso, vindo a significar «o mundo de que lahvé é o Senhor», «o mundo submetido ao juízo de Deus», «o mundo a vir», o mundo dos tempos messiânicos (Cfr. Salm., XXIV, 1, IX, 9; Hebr., II, 5).

Desígnio de Deus, patente ao longo de toda a História da Salvação, é «convocar» a humanidade inteira a ser-Lhe um só Povo; missão de Jesus, recebida do Pai, foi trazer à unidade do Reino os homens, antes dispersos como ovelhas sem pastor, abolindo pelo seu sacrifício as barreiras; a Igreja é – Corpo Místico de Cristo, Morada espiritual de todos os fiéis —esta viva unidade, sob contínua acção do Espírito Santo.

Por seu dinamismo sobrenatural, tende o mistério da Igreja, una e católica, a exprimir-se de forma visível até aos confins do mundo e do tempo. A «ecumenicidade» manifesta (no duplo significado, hoje reconhecido ao termo, de torna patente, evidencia e de cumpre, realiza), por toda a terra, a catolicidade interior da Igreja. Tal ecumenicidade implica, na justa expressão de G. Thils, negativamente, que a Igreja recusa admitir-se «presa a qualquer particularismo ou uniformidade em matéria de rito, de espiritualidade, de sistema teológico, de sensibilidade religiosa, de disciplina eclesiástica, salvo, claro, o que é postulado pelas exigências certas da sua unidade autêntica». E, positivamente, a ecumenicidade implica que «a Igreja pode assumir e deve integrar na sua própria unidade todas as diferenciações e diversidades legítimas, a pluralidade de formas e a diversidade de matizes, em matéria de rito e piedade, de sensibilidade religiosa, de sistemas teológicos, de usos e costumes, de forma de vida cristã e de estilo de existência eclesial» (Cfr. in Nouvelle Revue Théologique, jan. de 1962, art. de G. Thils, «POUR MIEUX COMPRENDRE LES MANIFESTATIONS G’CUMÉ-NIQUES»).

A unidade e ecumenicidade, todos os católicos a acreditam dada na Igreja santa, apostólica, romana. Verificam, porém, o facto, anormal e penoso, da divisão dos cristãos. Temos, para 2.500 milhões de habitantes do mundo, 820 milhões de cristãos, repartidos em cerca de 440 milhões de católicos, 170 milhões de ortodoxos, 160 milhões de protestantes, 50 milhões de anglicanos (números aproximados).

A divisão dos cristãos aparece como profundamente contrária ao voto e prece do Senhor — «ut unum sint» — e enormemente dificultadora do testemunho apostólico, porquanto o testemunho maior de que, pelo baptismo, somos constituídos portadores é o do amor: «Todos hão-de reconhecer que sois os meus discípulos pelo amor que tiverdes uns aos outros». Divisão indica falta de amor.

Ainda quando fosse justo (e sabe-se que o não é) suporem-se as culpas da desunião todas de um lado e a verdade toda do outro — o facto permaneceria o que é, doloroso para todos, a pedir de todos, no amor que os prende ao seu único Senhor e uns a outros vincula, o esforço por que, na medida das possibilidades, cesse o escândalo. De tal esforço pelo reencontro da unidade é o «ecumenismo» a expressão, suscitada e orientada pelo Espírito Santo. (…)