Descrição
Este romance de Ruth Rehmann, obra de vanguarda da moderna ficção alemã que elevou o nome da autora ao primeiro plano da novelística mundial, versa, com excepcional nível artístico, um dos problemas mais dramáticos dos nossos dias: a contradição entre a consciência privada, os sonhos, as aspirações individuais, e a consciência pública, despersonalização do ser nas paredes vidradas de um escritório que o segregam e asfixiam num mundo fictício e inautêntico.
Nas horas de ilusão do fim de semana em que se julga restituídos à sua veracidade, ao que têm de pessoal e íntimo – homens e mulheres procuram regressar a si próprios, a sós com os seus problemas e aspirações, depois de vários dias em que tiveram de ser iguais a todos quantos os rodeavam. Todavia, nem nesse quimérico lapso de tempo, no qual angustiadamente concentram todos os seus desejos de evasão, conseguem libertar-se. O trabalho automático, as palavras, os hábitos, os gestos quotidianos e profissionais marcaram-nos com um estigma que não se apaga. Por mais que se esforcem, todos se parecem – a velha empregada que se debate, tragicamente, para não ser despedida, a sua sucessora, vacilante entre o apelo de uma voz interior e a carreira que constitui, afinal, a sua vocação, a jovem cuja imaturidade a precipita numa série de aventuras duvidosas, o tradutor que, depois de muitas desilusões, condensa no filho as esperanças que ainda pôde salvaguardar. (…)
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