Evocação de José Osório da Rocha e Mello : Textos e Documentos

Pesquisa, Organização e Apresentação de Gil Braz de Oliveira.

Exemplar valorizado pela dedicatória do autor.

Categorias: ,

7.00 

1 em stock

Descrição

Circunstâncias diversas colocaram nas minhas mãos a tarefa de pesquisar e recolher documentação que permitisse registar os eventos mais significativos da vida de uma personalidade bem conhecida no meio industrial português, nomeadamente no meio cimenteiro: José Osório da Rocha e Mello. Tarefa que se me afigurou sem grandes dificuldades, na fase inicial, enquanto folheava pastas de arquivo, lia manuscritos, apreciava relatórios, perscrutava fotografias e trocava impressões com pessoas que o conheceram. Os novos dados a que ia tendo acesso encaixavam-se tão harmoniosamente no conjunto dos já conhecidos — bem como na imagem que eu próprio formara durante os vinte anos de convívio pessoal, iniciado em Março de 1949 —, que à emoção da sua descoberta se sobrepunha a sensação de simplicidade na arrumação do espólio que, finalmente, viesse a ser recolhido. Puro engano de que só agora, ao redigir estas linhas, me dou conta, parecendo-me tanto mais difícil de definir a pessoa que é objecto do nosso estudo quanto mais próxima ela está da perfeição — humanamente falando —. Com a agravante de não ser eu, provavelmente, o mais credenciado para essa tarefa. Resta-me a profunda convicção de que, ao assumi-la, presto a melhor homenagem à sua memória de que julgo ser capaz.
Ao escrever estas linhas, ocorre-me a seguinte passagem de um escrito do Professor José V. de Pina Martins (1), que reproduzo com a devida vénia e a minha admiração pela sua invulgar cultura humanista:
«Na história da humanidade há destinos singulares, que se realizam na vida sob o signo da perfeição — na medida em que esta existe no plano humano —. Nesses raros casos, o Homem, o lugar, o tempo, tudo parece harmoniosamente reunido; •porque se o acaso pode contribuir para o aparecimento dos grandes destinos históricos, são Eles próprios que desbravam os caminhos que outros hão-de percorrer…» José Osório da Rocha e Mello foi um desses homens excecionais.
Recebi, de pessoas amigas, apoios e incentivos sem os quais esta evocação não teria expressão tão alargada. Envolvo a todos no mesmo agradecimento, ao citar os nomes de Eng.° João Ribeiro Leal de Faria, Eng.° José Joaquim Toscano Júnior, cujos depoimentos se incluem neste trabalho, e Eng.° Victor Luís Martins Coimbra, cujo apoio discreto mas estimulante me apraz sublinhar. Aos Filhos do Senhor Eng.° José Osório da Rocha e Mello agradeço, desvanecidamente, o acolhimento dispensado às solicitações feitas para conhecer dados e ter acesso a documentos de estudo deixados por seu Pai. A generosidade desse acolhimento foi ao ponto de oferecerem um notável lote de documentação (cadernos, livros e fotografias), que hoje fazem parte do espólio do Museu da Fábrica de Cimento da Maceira-Liz. O Senhor Eng.° Virgílio Rui Teixeira Lopo, Presidente da CIMPOR, e o Senhor Eng.° Luís Filipe Sequeira Martins, são merecedores incontestados do meu especial reconhecimento — em que incluo os restantes Membros do Conselho de Gerência —. Penso que a iniciativa, assumida sem hesitações, de patrocinar esta publicação, integrada na homenagem pública a realizar na Fábrica da Maceira-Liz em 22 de Abril de 1991, conferindo-lhe o relevo e a dignidade de que se revestirá, honra o Destinatário e os seus Patrocinadores.
Reconheço, ao finalizar esta pequena nota preambular, que a compilação dos dados recolhidos tem lacunas que não foi possível preencher, tendo em conta a dispersão •das fontes a investigar e as limitações do tempo — implacáveis, quando existe uma data prefixada a respeitar —.
Mas as pistas entrevistas estão abertas para permitir, no futuro, pesquisas mais aprofundadas sobre a extensão da obra realizada. pelo Senhor Eng.” José Osório da Rocha e Mello e da sua influência no meio social e industrial em que se moveu. E não só. Pois de urna forma mais abrangente, a Empreza de Cimentos de Leiria, iniciada por Henrique Araújo de Sommer, continuada e ampliada por António de Sommer Champallimaud, preencheu um lugar de relevo, quase ímpar, no desenvolvimento industrial do nosso país até à década de setenta. As suas iniciativas industriais, de que a siderurgia é um exemplo, influenciaram decisivamente certas opções que só um maior distanciamento no tempo permitirá analisar com rigor. O espaço criado no Museu da Fábrica da Maceira – Liz, será o local privilegiado para o desenvolvimento de acções culturais com esse objectivo.