Em Busca das Origens de Macau : Antologia Documental

Introdução,  leitura e notas de Rui Manuel Loureiro.

15.00 

Esgotado

Descrição

PRÓLOGO

O território de Macau, actualmente sob administração portuguesa, irá regressar dentro em breve ao controlo das autoridades chinesas (Dezembro de 1999). Encerrar-se-á assim, de forma definitiva, a multissecular presença oficial de Portugal no Extremo Oriente. A fundação daquele antigo entreposto lusitano — que no decorrer do tempo acabaria por se impor como um dos grandes centros portuários da Ásia marítima — pode ser datada de cerca de 1557. Desta vez, a lógica das efemérides não parece oferecer um imediato pretexto comemorativo, já que os homens, e também as instituições, demonstram uma especial predilecção pelos números redondos. Assim, nenhum centenário marcará o arriar definitivo da bandeira das quinas na grande metrópole lusitanizada do estuário do rio da Pérola, ou das Pérolas, como sói dizer-se. As alterações políticas mais imediatas, contudo, não podem fazer esquecer um longo passado de contactos civilizacionais, que tiveram em Macau o seu eixo privilegiado, e cuja memória importará preservar, não só em nome de um comum património histórico e cultural, mas também como legado indispensável para a formação cívica das gerações finuras. Para além dos importantes intercâmbios mercantis que tiveram lugar nos ancoradouros da baía de Cantão, interessará igualmente conhecer as condições que presidiram ao estabelecimento de uma povoação lusitana nas margens do gigantesco Império do Meio, assim como as circunstâncias históricas que justificaram o desenvolvimento e a manutenção de um sólido reduto europeu nas mais remotas paragens do Oriente. O GRUPO DE TRABALHO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO PARA AS COMEMORAÇÕES DOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES, perfeitamente ciente das enormes responsabilidades culturais que nestes derradeiros anos de vivência comum cabem a Portugal, não quer deixar de contribuir, por alguns dos meios ao seu alcance, para o conhecimento mais aprofundado e para a difusão mais alargada da comum memória luso-chinesa.

Assim, no âmbito de uma linha editorial que tem privilegiado a divulgação de fontes para a história da nossa Expansão, julgou-se oportuno publicar a presente ANTOLOGIA DOCUMENTAL, que pretende colocar ao alcance de professores e alunos — o seu público preferencial, mas não exclusivo — um conjunto significativo de documentos quinhentistas relativos à fundação de Macau, alguns deles bem conhecidos, embora por vezes de difícil acesso, outros parcial ou totalmente inéditos. Se o motivo imediato para esta colectânea se relaciona com o finalizar da presença oficial portuguesa no litoral chinês, o seu critério unificador pode encontrar-se na circunstância de todos os documentos aqui retinidos, para além de datarem dos anos do nascimento de Macau (1555-1573), se referirem com grande cópia de detalhes aos primeiros momentos da vida desse estabelecimento e às intensas relações que então foram mantidas com a vizinha metrópole de Cantão.

Esta ANTOLOGIA DOCUMENTAL, complementada por um relativamente INTRODUTÓRIO que tenta equacionar alguns dos principais problemas da fundação de Macau, colocará nas mãos de professores e alunos de História, assim como de outro público interessado, materiais indispensáveis a um melhor conhecimento dos primeiros momentos de vida desse longínquo território — que desde meados do século XVI foi ininterruptamente administrado por Portugal —, no estratégico momento em definitivo abandono.

Esta colectânea, como vem sendo hábito em outras publicações do Grupo de Trabalho, beneficiou da supervisão atenta da Professora Doutora Maria Augusta Lima Cruz, a quem não quero deixar de dirigir os meus sinceros agradecimentos.

Lagos, II de Outubro de 1995 RUI MANUEL LOUREIRO