Descrição
CAPÍTULO I
O chapéu de coco caiu em desgraça, principalmente por ser desgracioso. Com os caprichos e reviravoltas da moda, caprichos e reviravoltas infalíveis, tanto mais que o número das formas é limitado, enquanto não volta o chapéu de coco o êxito, a voga, o frenesi do coco, e se não dá o fatal acontecimento da submissão ao coco — esse chapéu renegado, talvez um pouco caricato, faz de vez em quando a sua aparição.
Aparição alusiva e quase escandalosa que só se verifica, e raramente, na cabeça de um ou outro ministro; de algum furioso das corridas de cavalos; de um diplomata convidado para qualquer cocktail pelo governo sul-africano; ou vagabundo que não tem mais nada que fazer senão contemplar a sombra das nuvens nas águas sujas do Sena, em Paris, cidade de grandes glórias e grandes desacatos.
O homem pegou no chapéu de coco com mão enluvada —luvas cor de manteiga fresca para visitas de grande cerimónia, note-se! — e observou o interior do chapéu com ar preocupado. Preocupado, realmente? Preocupado, sem dúvida, mas ao mesmo tempo desconfiado e recalcitrante. (…)
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