Descrição

Temas Portugueses. “Francisco Xavier de Oliveira, Cavaleiro de Oliveira (1702-1783), é dado como escritor estrangeirado que começa libertino e acaba protestante. Mas a História Cultural e a História Social atribuem-lhe um lugar muito limitado. Por um lado, dão-no com estrangeirado menor, a uma distância abissal de um Verney, de um Alexandre de Gusmão, de um D. Luiz da Cunha. Por um lado, o que há de hipoteticamente libertino no Cavaleiro parece contestado pelos seus insistentes protestos casamenteiros, moralizadores e machistas. Por outro lado, ainda, o discurso protestante deste homem tem traços de superficialidade. Os estudiosos da obra e da personalidade do Cavaleiro de Oliveira são severos. Aquilino Ribeiro considera-o escritor de «terceira ordem» e «plagiador». Gonçalves Rodrigues reduz a bem pouco o seu protestantismo. Cardoso Pires fala da sua «falta de estofo». Os historiadores da Cultura são, sobre Francisco Xavier de Oliveira, muito breves. Hernâni Cidade cita-o de fugida. J. S. da Silva Dias de passagem. Para Artur Portela, o autor da introdução a esta antologia, o Cavaleiro de Oliveira não será, sobretudo o escrito estrangeirado. Nem fundamentalmente o libertino. Nem basicamente o protestante. A especificidade de Francisco Xavier de Oliveira estará na sua personalidade, na sua carreira, no seu tipo social-cultural. Podendo ser alinhado. – dada a sua actividade acidentada, errante, cosmopolita, oportunista, mimética -, no grupo social do aventureiros do século XVIII. Grupo de que fizeram parte homens como um Casanova, um Pignata, um Teodoro de Neuhof, rei efemeríssimo da Córsega, um Prevost, um Beaumarchais, o próprio Rousseau quando jovem. Esse alinhamento do Cavaleiro de Oliveira neste grupo que a História Social tem recortado será favorecido, no caso de Francisco Xavier de Oliveira, por uma linha portuguesa de aventura, que a Expansão desencadeia e o setecentos português mantém. Essa, para o autor da introdução desta antologia, a especificidade e a singularidade do Cavaleiro de Oliveira.