Descrição
PREFÁCIO
Este livro é baseado, na parte referente a rochas, no curso Rocks and Stars que é um dos oferecidos pelos departamentos de ciências físicas aos estudantes de outros cursos da Universidade de Chicago. O tema central abrange a tectónica de placas, o mais recente paradigma para a revolução da ciência da Terra. Este desenvolvimento segue as recomendações de J. Tuzo Wilson que entende que a educação, no âmbito das ciências da Terra, deve iniciar-se pelo estudo desta teoria unificadora. Os tópicos da Geologia tradicional são delineados somente quando necessários ao desenvolvimento da arquitectura da tectónica de placas. O tema é situado no âmbito histórico da discussão da deriva continental que teve lugar no início do século, acrescido dos importantes desenvolvimentos subsequentes a partir de 1960 que são tratados com certo pormenor. A abrir, apresenta-se a teoria, logo seguida dos factos apoiantes dos sismos, dando-se a conhecer, na continuação, os resultados do estudo do campo magnético terrestre e a magnetização das rochas que permitiram a datação da expansão dos fundos oceânicos dos últimos 10 milhões de anos, para além de permitirem traçar a deriva dos continentes durante centos de milhões de anos. Tópicos importantes como o ciclo geológico, o desaparecimento da Atlântida e a extinção dos dinossauros são analisados no contexto da tectónica de placas. A revolução das ciências da Terra foi acompanhada de um melhor conhecimento das ciências planetárias, que se pode seguir ao analisar o programa lunar em que se dá uma introdução às conclusões científicas encontradas. No capítulo final retoma-se o problema dos tremores de terra ligados à geologia do ambiente e à produção de energia. Este livro-texto foi preparado para os estudantes que não possuem especialização no domínio das ciências, mas estes poderão desenvolver a sua compreensão de certos tópicos que são, em certos cursos, apresentados de maneira tradicional. Tenho esperanças que seja útil como leitura supletiva desses cursos.
Os «caloiros» cujos estudos secundários não abrangeram a tectónica de placas necessitam de uma visão global destes tópicos e do seu desenvolvimento, o que encontrarão neste livro. A nível do secundário, a introdução ao estudo das ciências da Terra pretende cobrir o máximo possível de tópicos e princípios básicos que leva ao aparecimento de livros ou de carácter enciclopédico, com tantas páginas que os estudantes não os podem ler, ou em forma de dicionário em que cada tópico é meramente referido. Muitos destes livros utilizam um jargão profissional que implica a consulta de um glossário. Na sociedade tecnológica moderna a literatura científica é tão importante como o conhecimento dos grandes livros, mas não vejo razão para os geólogos esperarem que os humanistas e cientistas sociais se lembrem de termos como «epirogénico», «fenocristais» ou «taconite». A elegância e simplicidade das ideias mestras da nova geologia global permitem apresentar ao estudante urna teoria revolucionária, utilizando o mínimo de termos geológicos e geofísicos. A teoria constitui presentemente o foco principal da investigação de muitos cientistas o que é entusiasmante e me leva a concordar com Wilson no interesse do seu ensino nos primeiros anos. Após o enquadramento obtido num primeiro semestre, um professor pode prosseguir como quiser: minerais, rochas, geomorfologia, geologia histórica, oceanos, atmosfera, planetologia ou geologia do ambiente e recursos naturais. Os professores que não desejam postergar os assuntos especializados podem desenvolver ensaios laboratoriais de geologia física paralelamente aos capítulos adequados deste livro.
Seleccionei os principais factos que apoiam a tectónica de placas e que expliquei um pouco mais detalhadamente do que o normal em livros de introdução, indo assim de encontro às dificuldades sentidas pelos meus alunos evitando o recurso aos diagramas retirados dos artigos de investigação. Modifiquei-os, simplifiquei-os e juntei-os de modo a ajudar os estudantes a ter uma visão tridimensional dos objectos e espaço. Isto é importante, por exemplo, na distinção entre bandas de anomalias magnéticas dos oceanos e bandas magnéticas impressas nas rochas dos fundos oceânicos. Justifico, assim, a extensão da explicação com a convicção de que os estudantes ficarão mais satisfeitos por conhecerem bem alguns tópicos do que por aprenderem um conjunto de pequenos factos. A narrativa está delineada de modo a que cada capítulo assente nos precedentes sem mais requisitos e prepare o caminho para o novo capítulo. Tentei alternar as secções mais descritivas com tópicos ligeiros, debates históricos e referências jocosas. Parte dos capítulos 2, 13, 17 e 18 são semelhantes ao texto do meu artigo Revolution in the Earth Sciences, publicado no livro The Great ldeas Today, 1971, pelo que agradeço à Encyclopaedia Britannica Inc. a permissão de o utilizar.
Muitas pessoas fizeram a revisão e crítica o que ajudou a melhorar o texto. Agradeço a G. Forney, J. R. Goidsmith, J. Goldsmith, L. Grossman, Y. Herman, W. S. Mckerrow, W. D. Means, A. A. Meyerhoff, T. J. M. Schopf, J. V. Smith, H. Spall, L. R. Sykes, D. S. Wood e F. R. Wyllie. Tom Schopf foi um crítico atento a quem devemos grande ajuda, ajuda apenas superada por Mrs. Glenda York ao dactilografar o texto com grande cuidado e rapidez.
PETER J. WYLLIE Universidade de Chicago Chicago, Illinois Abril de 1975
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