Viragem / Castro Soromenho

Viragem, de Castro Soromenho, é um romance que retrata de forma crua e crítica a realidade colonial em Angola durante as décadas de 1930 e 1940, focando-se nas tensões e violências das relações entre colonos e colonizados. A obra representa um marco na produção literária do autor, sendo o primeiro livro em que expõe explicitamente o fracasso e a miséria do colonialismo português.

O romance oferece um quadro fiel das relações autênticas e destrói as ilusões convencionais sobre a natureza do império colonial, abalando o otimismo burguês e obrigando o leitor a duvidar da perenidade da ordem estabelecida. A narrativa desenrola-se na região da Lunda, no nordeste de Angola, um cenário de exploração onde a crueldade é ubíqua e a violência se manifesta em todas as interações sociais.
Um dos focos da análise crítica do livro é o “não-lugar” do cipaio, uma personagem africana que, ao colaborar com o sistema colonial, fica numa posição intermédia e marginalizada, sem pleno reconhecimento de ambos os lados. A obra examina a desagregação da sociedade angolana sob o jugo colonial, revelando as dinâmicas de poder e opressão que marcam a vida de personagens como Antônio Alves, que aparece também n’ A Chaga.
A mestria narrativa de Castro Soromenho na composição das personagens e na montagem da tensão torna Viragem uma obra que vai além da mera análise sociológica, destacando a centralidade política da arte e o seu papel na emancipação humana.

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Ficha Técnica

Título: Viragem
Autor: Castro Soromenho (Fernando Monteiro de Castro Soromenho)
Editora: Ulisseia
Ano de Edição: 1957
Edição: 1.ª
Páginas: 218
Formato: Brochado, in-8º (aprox. 200×135 mm)
Idioma: Português

Condição: Exemplar sem a sobrecapa. Brochura com alguns sinais de manuseamento; miolo bem conservado.