Um Sopro / Rui Chafes

«As esculturas de Rui Chafes são muito difíceis de descrever por palavras. No entanto, se se quiser falar ou pôr no papel algo sobre classe, fica-se com a sensação de ter de se trabalhar de um modo intenso, bem ponderado e circunspecto de modo a não afectar, de forma alguma, a “secreta soberania” das esculturas. O diálogo com o observador é, apesar disso, intenso mas retraído. Cézanne escreve o seguinte: “O artista tem de estar atento ao espírito literário, o qual tão frequentemente desvia o pintor do seu verdadeiro caminho o estudo concreto da natureza e faz com que perca demasiado tempo em especulações vagas.” Há artistas que criam um mundo completamente fechado, fazem da sua arte um casulo pessoal e, dentro dele devoram o observador. Este tipo de arte está normalmente implantado numa história. A história que o artista construiu para alargar e estabelecer a sua obra torna-se o objectivo final da sua arte que é essencialmente literário e permanece encerrado em teoria. As esculturas de Rui Chafes são de outro género. Elas sempre observam e mantêm uma certa distância e discreção. Em consequência disso, não absorvem o observador, antes exigem dele uma tentativa séria para entender a “linguagem” da obra. A teoria não rodeia a obra de arte, mas está contida nela. Não é esse o seu destino, mas a própria fonte, e a obra de arte desenvolveu-se a partir daí como um corpo. Os títulos também evoluem à medida que a obra progride; eles fluem de uma lógica poética especial e formam a componente necessária da obra de arte final. Tudo isto explica por que razão esta arte exige tanta circunspecção, meditação e cortesia da parte do observador. Esta arte, à primeira vista, parece completamente fechada mas, ao observar-se mais de perto, revela uma abertura que empolga e contagia e que está profundamente associada à vida. Ela mesmo é vida e possui uma natureza escultórica própria.»

Do índice:

Escrever com metal

Esculturas 1998-2002

Corporizações no fio da navalha.

Conversa entre Rui Chafes e Doris von Drathen…

Andrej filho de Andrej filho de Andrej

Carrying the flame (a secret piece for a secret place in Ireland).

Apêndice

Lista das obras

Lista das ilustrações

Biografia

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Galeria Graça Brandão, 2003. Com 300 [3] págs. : il. ; 24 cm; Broch.
[Bem conservado]