O Roubador de Água / João Miguel Fernandes Jorge

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Descrição

DE UMA CANÇÃO PERDIDA

E quando se virava o sol batia no mostrador
do relógio.
Salvo eu, ele e o relógio não havia mais ninguém.
Estamos com os nossos barcos. Escrevendo
«cruel» no tampo de uma mesa de modo a ler-se
primeiro o difícil «l».
Que cruéis dedos teriam dito
a ilusão desta letra a face
como quem vai por detrás dos vidros
e tem mais do que um relógio. É
o mostrador de uma gaveta cheia de sementes.
Estamos aqui com o nosso tempo o mesmo é
dizer estamos com os nossos barcos com
estas pétalas de rosa queimadas pelos anos
este começo de jardim
onde se escreve sobre a pedra sobre o
banco verde-escuro de todos os jardins
onde se escreve «cruel» com acentuado «l» tão
pálido contado pela cabeça dos meus dedos.


EDICAO: 1ª
PUBLICAÇÃO: Lisboa : Assírio & Alvim, imp. 1981
DESCR.FÍSICA: 131, [6] p. ; 21 cm
COLEÇÃO: Cadernos peninsulares. Literatura ; 17

 

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